quinta-feira, 6 de junho de 2013

Colaboração feita pela professora Marta (cursista). Poesia da Matemática.


Às folhas tantas 
do livro matemático

um Quociente apaixonou-se

um dia 

doidamente

por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável

e viu-a do ápice à base

uma figura ímpar;

olhos rombóides, boca trapezóide, 

corpo retangular, seios esferóides.

Fez de sua uma vida 

paralela à dela

até que se encontraram 

no infinito.

"Quem és tu?", indagou ele

em ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode me chamar de Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram

(o que em aritmética corresponde

a almas irmãs)

primos entre si.

E assim se amaram

ao quadrado da velocidade da luz

numa sexta potenciação 

traçando 

ao sabor do momento

e da paixão

retas, curvas, círculos e linhas sinoidais

nos jardins da quarta dimensão.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana

e os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. 

E enfim resolveram se casar

constituir um lar, 

mais que um lar, 

um perpendicular.

Convidaram para padrinhos

o Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro

sonhando com uma felicidade 

integral e diferencial. 

E se casaram e tiveram uma secante e três cones

muito engraçadinhos.

E foram felizes 

até aquele dia 

em que tudo vira afinal

monotonia.

Foi então que surgiu 

O Máximo Divisor Comum

freqüentador de círculos concêntricos,

viciosos. 

Ofereceu-lhe, a ela,

uma grandeza absoluta

e reduziu-a a um denominador comum.

Ele, Quociente, percebeu

que com ela não formava mais um todo,

uma unidade. 

Era o triângulo, 

tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era uma fração, 

a mais ordinária. 

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade

e tudo que era espúrio passou a ser 

moralidade

como aliás em qualquer 

sociedade.

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